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Vanessa Moreno mistura o suingue da Bahia com a pulsação livre do jazz em álbum que perpetua show de 2023

Vanessa Moreno canta músicas e compositores da Bahia no palco do Teatro Raul Cortez, no Sesc 14 Bis, em show feito no projeto ‘Sesc Jazz’ Divulgação / Se...

Vanessa Moreno mistura o suingue da Bahia com a pulsação livre do jazz em álbum que perpetua show de 2023
Vanessa Moreno mistura o suingue da Bahia com a pulsação livre do jazz em álbum que perpetua show de 2023 (Foto: Reprodução)

Vanessa Moreno canta músicas e compositores da Bahia no palco do Teatro Raul Cortez, no Sesc 14 Bis, em show feito no projeto ‘Sesc Jazz’ Divulgação / Selo Sesc ♫ OPINIÃO SOBRE DISCO Título: Sesc Jazz Vanessa Moreno 22 out 2023 Artista: Vanessa Moreno Cotação: ★ ★ ★ ★ 1/2 ♬ “Boa noite, pessoas queridas! Bora batucar juntos?”, propôs Vanessa Moreno à plateia do Teatro Raul Cortez, no Sesc 14 Bis, antes de cantar o ijexá Toda menina baiana (Gilberto Gil, 1979). Esse momento está perpetuado no álbum Sesc Jazz Vanessa Moreno 22 out 2023, lançado ontem, 10 de outubro, pelo Selo Sesc com inapropriada capa criada Alexandre do Amaral. Fria e padronizada, a capa não faz jus ao conteúdo deste disco sedutor que perpetua 11 números do show apresentado em outubro de 2023 pela cantora Vanessa Moreno dentro do projeto Sesc Jazz. Sim, jazz. Cantora paulista de São Bernardo do Campo (SP) que vem ganhando maior visibilidade desde aquele ano de 2023, Vanessa é puro suingue e transita com naturalidade pelo território livre do jazz nesse show idealizado para celebrar a música e os compositores da Bahia. Toda menina baiana tem um jeito de jazz neste álbum aberto com Odara (Caetano Veloso, 1977), música moldada para a dança. Em abordagem que roça os seis minutos e meio, Vanessa tira Odara da pista na passagem instrumental jazzística em que fica evidenciada a fina sintonia entre Conrado Goys (guitarra), Joana Queiroz (clarinete e clarone), Leandro Cabral (piano), Rudson Daniel (percussão) e Vitor Cabral (bateria), músicos da banda orquestrada pelo baixista, arranjador e diretor musical Fi Maróstica. Se a rigor Odara nada tem de Bahia (a não ser a origem do compositor), Samba da minha terra (1940) ecoa a manemolência da obra do compositor Dorival Caymmi (1914 – 2008), pilar da música do estado mais negro do Brasil, com a picardia do sopro de Joana Queiroz. Cantora paulistana associada ao samba, Fabiana Cozza pega o barco em que Vanessa Moreno singra para a Bahia ao entrar em cena para dar voz a Seu moço (Roberto Mendes e Hermínio Bello de Carvalho, 1996), samba-canção gravado por Cozza há dez anos no álbum Partir (2015). Em gravação de início lenta que tangencia os dez minutos, Seu moço é instante de calmaria melancólica até se expandir ao entrar na roda do samba do Recôncavo a partir do quinto minuto com o reforço de Vanessa no canto de pot-pourri de temas tradicionais do gênero. Calcado no suingue do piano de Leandro Cabral, o pot-pourri abre caminho para Dona das folhas (Roque Ferreira, 2020), tema afro-brasileiro embasado pela percussão de Rudson Daniel e turbinado pelo toque da guitarra de Conrado Goys. Dona das folhas também tem a participação de Fabiana Cozza. A partir de Barato total (Gilberto Gil, 1974), Vanessa reassume sozinha a parte vocal do show. É quando celebra a influência matricial de Rosa Passos no canto do samba Dunas (1993), parceria de Rosa com Fernando Oliveira que celebra o fim do verão em Salvador (BA) com a leveza de uma brisa. A bela lembrança de Dunas evoca a bossa referencial de João Gilberto (1931 – 2019). Na sequência, Cego com cego (José Miguel Wisnik e Tom Zé, 1997) desloca o roteiro para o sertão baiano em registro de tom rascante que culmina no canto de Quebradeira de coco (Roque Ferreira, 2004), música não creditada pelo Selo Sesc na ficha técnica do disco (a omissão se estende nos créditos da faixa nas plataforma de streaming). Após cantar o tema autoral Solar (2023), Vanessa Moreno cai no suingue de Emoriô (João Donato e Gilberto Gil, 1975) em abordagem apoteótica em que fica realçado o acento jazzístico evidenciado mais no começo do álbum produzido por Fi Maróstica. No arremate, já com a convidada Fabiana Cozza de volta ao palco, Vanessa Moreno entra com a colega no mar de Iemanjá, na cadência do ijexá, através do canto de Agradecer e abraçar (1995), obra-prima dos compositores Gerônimo e Vevé Calazans (1947 – 2012). Ao longo de quase nove minutos, a música da Bahia abraça o jazz em álbum que reitera o apuro do canto de Vanessa Moreno. Capa do álbum ‘Sesc Jazz Vanessa Moreno 22 out 2023’ Arte de Alexandre do Amaral

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